Se eu não tivesse limites ...

6.4.15


Desde pequenos que somos confrontados e formatados com limites, educacionais, sociais, comportamentais, entre tantos outros. 

O desafio parece fácil, o que fazíamos se não tivéssemos limites?

Foi a pergunta que me fizeram!

Não consegui ter uma resposta imediata ou consistente ...

Escolheria amigos diferentes? Uma profissão diferente? Outro sítio para morar? 

(...) 

Qualquer coisa que pudesse ter feito de outra forma, o mais provável era ter mudado o rumo da minha vida, até aqui.

Se olhar para trás, sinto-me afortunado: uma família estável, uma infância confortável, qualidade de vida, a realização de tantos e tantos sonhos ...

Mas será que foi o suficiente?

A dúvida instala-se a partir do momento em que me encontro debruçado nesta conversa de cadeirão comigo mesmo ...

Atualmente levo uma vida que não sinto como minha, afinal de contas, deixei de ser eu a poder controlá-la e isso faz com que ela não me pertença ...

Tenho que sorrir, mesmo quando me apetece chorar, tenho que pensar no que os outros esperam que eu faça, em vez de fazer aquilo que realmente quero, tenho que ter cuidado com a forma como me visto, os acessórios que uso, eu sei lá, só vos pergunto, é isto a que chamamos de liberdade?

Sinto-me tão "livre" como um pássaro, preso numa gaiola.

Eles também têm comida, água, cantam e alguns até constituem família mas é isto que os torna realmente livres?

Existe uma inversão de valores, as pessoas ocupam-se a apontar defeitos quando deveriam era desocupar-se daquilo que não lhes diz respeito.

Sejamos honestos, ninguém é à imagem de ninguém mas isso não faz de nós superiores ou inferiores em absolutamente nada!

Se eu não tivesse limites?

Se eu não tivesse limites, por exemplo, gostava de expressar aquilo que eu sinto, da forma que eu sinto, sem medo de agradar ou desagradar ...

Se eu não tivesse limites, gostava de ser Feliz.

Tantos falsos moralismos e etiquetas forçadas quando na realidade aquilo que representa e reforça os valores de cada um, são coisas tão banais como não falar mal dos outros, respeitar as diferenças ...

Que graça seria se o Mundo fosse todo igual?

Eu não me imagino a viver e a ver o Mundo com uma única cor ... Elas são várias, bolas.

Sou da tribo dos intensos, tenho o coração na boca e culpo a minha genuinidade emotiva, pelo destaque de forma negativa, para muitas pessoas.

Não é que me tire o sono, aprendi há muitos anos que só me incomoda aquilo que eu permito ...

Aqui entre nós, isso não significa que não sofra com a maldade alheia.

Mas depois, no final do dia, entro em casa e rodeado dos meus animais, das minhas coisas, sinto que é ali que encontro a fortaleza contra tudo aquilo que tenho como resto.

Sim, como tudo aquilo que sobra ... Resto.

Na realidade, tenho pena das pessoas que precisam de viver a falar dos outros, das pessoas cuja vida é falsamente preenchida e cujo vazio se faz sentir a cada palavra amarga, a cada discurso seco.

Acreditam em fadas ou dragões?

Eu não sei se eles existem, só sei que nas fábulas, as bruxas más, acabam sempre numa solidão ardente ...

Se eu não tivesse limites, bem, só queria olhar para trás e ter a certeza que tudo isto valeu a pena ...

Se eu não tivesse limites, só gostava de puder ser realmente Eu!

FranciscoVilhena


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